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Estatísticas mais recentes apontam avanço das doenças oncológicas
Em 2014 deverão ser diagnosticados cerca de 576 mil novos casos de câncer no Brasil, incluindo os de pele não melanoma, segundo a mais recente estatística divulgada pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer José de Alencar Gomes da Silva). O câncer de pele do tipo não melanoma (182 mil casos novos) será o mais incidente na população brasileira. Esse é o tipo de câncer de pele menos agressivo, que raramente provoca metástase, mas deve ser tratado. Depois, na estatística do Inca estão os tumores de próstata (69 mil), mama feminina (57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil). Sem considerar os casos de câncer de pele não melanoma, estimam-se 395 mil casos novos de câncer, 204 mil para os homens e 190 mil para as mulheres. Em homens, os tipos mais incidentes serão os cânceres de próstata, pulmão, cólon e reto; e, nas mulheres, os de mama, cólon e reto e colo do útero.
As estatísticas apontam para o avanço das doenças oncológicas que já se tornaram um problema de saúde pública, afirma o cirurgião oncologista, Dr. Ademar Lopes, Vice-Presidente da Fundação Antônio Prudente, mantenedora do A.C.Camargo Cancer Center.
Diagnóstico Precoce
“Para enfrentar e vencer o câncer a principal medida é proporcionar o diagnóstico precoce que eleva o índice de cura dos diversos tipos da doença a 90%, permite o uso de terapêuticas menos agressivas, diminuindo o sofrimento e risco de mutilação para paciente e, ainda, a um custo menor comparado ao tratamento de um câncer em fase avançada, afirma o especialista. Segundo ele, o ideal seria a adoção como rotina do check-up oncológico a partir dos 50 anos para homens e mulheres sem histórico de câncer na família, com exames que permitissem diagnosticar o câncer antes de qualquer sintoma. O primeiro passo seria a consulta com um médico com conhecimentos básicos em oncologia, que faria, após uma longa conversa com o paciente, um detalhado exame clínico e, baseado nos fatores de riscos de cada um, pediria os exames complementares necessários. “Para isso, no entanto, precisaríamos contar com médicos bem formados, um sistema de saúde pública bem estruturado e população conscientizada. Mas, atualmente, menos de dez faculdades de medicina do país contam com a oncologia como matéria obrigatória na grade curricular”, alerta. A informação sobre a doença é a melhor amiga do diagnóstico precoce seja para os médicos ou leigos. Para esses últimos, Dr. Ademar dá dicas muito importantes sobre os tipos mais incidentes de câncer. Confira.
Câncer de Próstata
Constitui o tipo de câncer mais comum no público masculino. Os principais fatores de risco são a idade e propensão pela existência de casos na família. A doença também tem maior incidência em pessoas da raça negra. O diagnóstico precoce é realizado por meio de exame de toque retal e de PSA. “Portanto, homens a partir de 50 anos devem adotar como rotina a consulta ao urologista. Para os que apresentam casos de câncer em familiares, o recomendado é iniciar essa rotina de exames a partir de cinco ou dez anos antes da idade em que o familiar apresentou câncer”, explica Dr. Ademar. No A.C.Camargo, a exemplo do que é realizado nos melhores centros oncológicos norte-americanos, o câncer de próstata localizado é tratado com cirurgia robótica para remoção do tumor. Vale a pena lembrar que a radioterapia também é uma forma de tratamento desta doença e em um número pequeno de casos muito selecionados o tratamento pode até ser dispensado.
Câncer de Mama
Tumor mais frequente na mulher brasileira, o câncer de mama tem entre seus fatores de risco,a idade, e a hereditariedade, quando a mulher apresenta história familiar de câncer em parentes de primeiro grau. Além disso, também constituem pontos de atenção em relação a maior incidência da doença: ter a primeira menstruação precocemente, antes dos 12 anos; menopausa tardia, após os 55 anos; e realizar reposição hormonal em função da menopausa por período superior a cinco anos. Outros fatores de riscos são o fumo, o álcool e a obesidade. “Em qualquer caso o diagnóstico precoce é importantíssimo para alcançar altas taxas de cura”, ressalta Dr. Ademar. Para isso, o principal exame é a mamografia, que deve ser realizada a partir dos 50 anos para quem não tem casos de câncer na família, e repetida a cada um ou dois anos, conforme critério médico. Para as mulheres que apresentam história familiar de câncer, a primeira mamografia deve ser realizada mais cedo. “As mulheres precisam saber que o câncer de mama em fase inicial é silencioso e indolor e, portanto, esperar a presença de um nódulo palpável para se tratar pode ser tarde”, diz o especialista. Além disso, o tratamento de câncer de mama evoluiu muito em relação ao passado, quando a cirurgia radical era o padrão, com a retirada de toda a mama e dos gânglios linfáticos da axila. “Esse tipo de procedimento causava transtornos estéticos, funcionais e psicológicos nas mulheres”, afirma Dr. Ademar, lembrando que o A.C.Camargo Cancer Center teve um papel histórico pioneiro na adoção da cirurgia conservadora de câncer de mama, liderada pelo Dr. Fernando Gentil no início da década de 1970. Atualmente, com o melhor conhecimento de aspectos biológicos da doença e tratamento multidisciplinar incluindo a cirurgia ,radioterapia e quimioterapia personalizada, é possível conservar ou reconstruir a mama, sem qualquer prejuízo aos resultados.
Câncer de Cólon e Reto
Esse tipo de doença oncológica cresceu entre as mulheres. Até 2013 estava em terceiro lugar e, agora, no mais novo estudo do Inca, passou para segundo lugar. De acordo com Dr. Ademar, o câncer de cólon e reto está relacionado, principalmente, com alimentação rica em gordura e pobre em fibras. Apenas 8% dos casos tem origem hereditária. O exame para diagnosticar esse tipo de câncer é a colonoscopia. “Indico a realização da colonoscopia a partir dos 50 anos para aqueles que não apresentam casos deste tumor em familiares. Aqueles que apresentarem alguns casos na família deve fazer o exame antes. No Caso do câncer colorretal hereditário, o que caracteriza é a presença de vários casos de câncer colorretal na família em pessoas jovens, em geral abaixo dos 45/ 50 anos de idade. Nesses casos, a colonoscopia deve começar muito mais cedo, conforme a orientação médica. Para Dr. Ademar, o exame de sangue oculto nas fezes, utilizado por alguns médicos, não é fidedigno como a colonoscopia. “Praticamente 100% dos casos de câncer de cólon e reto tem origem em um pólipo, uma pequena verruga pendurada na camada interna do intestino, que deve ser retirada e analisada e é isso que a colonoscopia faz”, conclui.
Câncer de Colo de Útero
No mundo, principalmente em países desenvolvidos, as taxas do câncer de colo de são baixas. Atualmente, é uma doença que acomete, principalmente, mulheres dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Quase todos os casos estão relacionados à alguns tipos de HPV (vírus do papiloma humano), hoje chamados HPVs oncogênicos ou seja vírus causadores de tumores. O vírus, transmitido por meio de relação sexual, é encontrado em mais de 95% dos casos. Para fazer o diagnóstico precoce da doença é fundamental, ao iniciar a vida sexual, adotar a visita anual ao ginecologista que, além do exame clínico, colherá material para realização do exame Papanicolau, capaz de levar ao diagnóstico precoce do câncer de colo de útero. Para prevenir a doença, uma recomendação importante é a mulher ser vacinada contra HPV antes do início da vida sexual. Outra medida importante para prevenção do câncer de colo de útero e, também, de vulva, vagina, ânus e pênis é o uso de preservativo em todas as relações sexuais.
Câncer de Pulmão
É muito difícil diagnosticar precocemente o câncer de pulmão. “As tecnologias disponíveis hoje não permitem ao médico visualizar lesões iniciais. Os raios X, diferentemente do que muitos acreditam, não revelam esse tipo de câncer e a tomografia muitas vezes também deixa passar o problema, além de ser um exame que realizado com muita frequência se associa a uma exposição excessiva às radiações ionizantes. Por essas razoes, em geral, quando a doença é descoberta está em fase avançada, o que dificulta o tratamento e eleva a taxa de mortalidade”, diz. Dessa forma, o caminho é ficar longe do maior fator de risco para o câncer de pulmão que é o tabagismo. “Não fume e se é fumante pare imediatamente”, recomenda o médico.
Para mais informações, acesse o site www.accamargo.org.br
Fonte: Dr. Ademar Lopes, Vice-Presidente da Fundação Antônio Prudente, mantenedora do A.C.Camargo Cancer Center, CRM 21.092
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